O projeto Biblioteca CIP – Congregação Israelita Paulista, foi iniciado pela Pacta Clara no ano de 2018.

Realizamos o trabalho de organização e catalogação do acervo bibliográfico, composto por mais de 9 mil livros. Com o advento da pandemia, o projeto foi paralisado e sua retomada aconteceu no final do ano de 2021.

Essa paralisação e retomada trouxeram desafios importantes: uma série de decisões acerca da catalogação foram tomadas e tivemos que dar continuidade no projeto baseado nessas decisões. Compreender o que havia sido realizado, como havia e como proceder com o projeto e a instituição, leva um tempo de adaptação, ainda mais por se tratar de um acervo histórico e delicado.

Os livros em sua maioria são muito antigos e frágeis e isso demanda um cuidado extremo no manuseio dos mesmos, visando o mínimo de contato físico para não deteriorá-los. Existe no acervo um livro de 1576, quando não existia nem imprensa no Brasil colonial!

Poucos livros estão no idioma português, a maioria está em alemão ou hebraico. E como no idioma hebraico a escrita é diferente do nosso alfabeto, contamos com o apoio de um profissional/tradutor que translitera os títulos dos livros. Lembrando que transliterar é diferente de traduzir, ou seja ele não traduziu o texto dos livros e sim “passou” para o nosso alfabeto para finalmente incluirmos os livros no sistema Alexandria, adotado pela CIP.

“transliterar
Passar (palavras, texto) de um alfabeto para outro, procurando manter a prosódia original.”

A Classificação dos livros sobre religião, tema predominante deste acervo, demandou muita atenção e pesquisa, pois foi necessário estudar a liturgia judaica para compreender os assuntos abordados nos livros. Lembrando que a maioria do acervo estava em outra língua, o que nos trouxe um grau maior de dificuldade no entendimento, classificação e catalogação. Utilizamos muitas ferramentas de tradução para nos apoiar nesse entendimento.

Essa biblioteca é de extrema importância para a comunidade judaica, cada livro carrega além da sua própria escrita uma história de sobrevivência até os dias atuais.

Finalmente, depois de 6 meses (na fase de retomada), ver as estantes organizadas e os livros disponíveis para os visitantes, deu uma sensação de missão cumprida, de orgulho mesmo, ao realizar com qualidade um trabalho tão cheio de desafios.

Foi uma experiência muito enriquecedora: a satisfação de manusear livros tão antigos e importantes, poder aprender mais sobre a comunidade judaica, a importância que dão à preservação de sua história e ao conhecimento com certeza ficarão marcados na minha vida profissional e pessoal.

Eliane Leite de Freitas
Setembro de 2022